Part of the Cotecna Group

Isolamento do agente da galha-da-coroa da macieira


Ver ampliada

Discos de raiz de cenoura, inoculados com macerado dos tecidos de galha-da-coroa de mudas de macieira, apresentando calos/galhas/tumores 10 dias após a inoculação. O disco superior da direita foi inoculado com água destilada esterilizada.



Galha-da-coroa em macieira



O isolamento do agente causal da galha-da-coroa, Agrobacterium tumefaciens (nome atual: Rhizobium radiobacter), exige paciência e estratégias nem sempre simples. Mesmo com meio de cultura seletivo, as colônias não são facilmente isoladas.
A Dra. Yuliet Cardoza utilizou discos de raiz de cenoura e inoculou-os com uma suspensão de macerado de tecidos de mudas de macieira com sintomas de galha-da-coroa. Os tumores aparecem de 10 a 14 dias após a inoculação. O disco de cenoura inoculado apenas com água destilada esterilizada não formou tumor.
A indução dos calos se baseia na transferência do plasmídeo indutor de tumor (Ti) da célula bacteriana para células da cenoura. O plasmídeo se insere no cromossoma da célula da cenoura e induz a formação de hormônios (Ácido Indol Acético - AIA...) que aumenta o tamanho e número de células, transformando-se num ambiente ideal para o desenvolvimento da Agrobacterium tumefaciens
Uma etapa inicial na formação do tumor é a fixação da célula bacteriana na célula da cenoura. A região dos genes att (>20 kb de tamanho) do cromossomo bacteriano contém a informação necessária para ligação e virulência. Os lipopolissacarídeos (LPS) da superfície da célula bacteriana são importantes no processo de fixação. Se a bactéria não consegue se fixar na parede da célula, não induzirá tumor. Os LPS são componentes integrantes da membrana externa e compreendem a âncora da membrana do lipídeo A, um oligossacarídeo central conservado e o polissacarídeo do antígeno O. Interessante notar que é uma colonização genética. A bactéria se fixa e introduz o plasmídeo que tem a informação necessária para a célula da cenoura trabalhar para ela (Reuhs et al., 1997; Matthysse, 1997, 1986; Petrovicheva et al., 2017).
A presença dos tumores nos discos de cenoura garante que a bactéria está presente. O próximo passo é o seu isolamento a partir destes calos.
Referências
Matthysse, Ann G. 1986. “Attachment of Agrobacterium tumefaciens to Plant Host Cells.” Recognition in Microbe-Plant Symbiotic and Pathogenic Interactions. https://doi.org/10.1007/978-3-642-71652-2_21.
———. 1997. “A Comparison of the Binding of Agrobacterium tumefaciens and Rhizobium meliloti to Alfalfa Roots, Carrot Suspension Culture Cells, and Arabidopsis thaliana Root Segments.” Current Issues in Symbiotic Nitrogen Fixation. https://doi.org/10.1007/978-94-011-5700-1_25.
Petrovicheva, Anna; Jessica Joyner; Theodore R. Muth. 2017. “Quantification of Agrobacterium tumefaciens C58 Attachment to Arabidopsis thaliana Roots.” FEMS Microbiology Letters. https://doi.org/10.1093/femsle/fnx158.
Reuhs, B. L.; J. S. Kim; A. G. Matthysse. 1997. “Attachment of Agrobacterium tumefaciens to Carrot Cells and Arabidopsis Wound Sites Is Correlated with the Presence of a Cell-Associated, Acidic Polysaccharide.” Journal of Bacteriology 179 (17): 5372–79.
*******
How to cite: Duarte, V. Isolamento do agente da galha-da-coroa da macieira. Agriporticus. Disponível em: <http://www.agronomicabr.com.br/agriporticus/detalhe.aspx?id=923>. Acesso em: 05 nov.2020. (Atualize a data de acesso.)