Ervas e especiarias - O que mais importamos?
01 de dezembro de 2022
No Laboratório Agronômica, mais recente aquisição da COTECNA no Brasil, somos especializados em diagnóstico fitossanitário e credenciados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para detectar, identificar e determinar pragas previstas em acordos bilaterais, para adoção de medidas fitossanitárias no trânsito nacional e internacional de produtos agrícolas dos mais diversos tipos.
No que tange à importação de produtos classificados como ervas e/ou especiarias, recebemos especialmente chás e temperos, cujas matrizes mais relevantes são: sementes e material processado. Importante destacar, que as sementes nos trazem maior responsabilidade no que tange ao controle fitossanitário, por serem agentes naturais de disseminação de novas pragas para o país.
Dentre as amostras de ervas e especiarias provenientes de importação recebidas no Laboratório Agronômica nos últimos três anos (2020-2022), as origens mais frequentes foram Holanda (22%) e França (20%), seguidas de Itália (14%), China (12%), Alemanha e Índia (10%). Os demais países responderam por 2% cada, do total de amostras recebidas para análise (Figura 1).
As três espécies importadas com maior frequência para o Brasil são manjericão, erva doce e alecrim. A principal origem do manjericão é a Itália, seguida da Índia. Já a erva doce provém principalmente da Holanda e o alecrim, da França. Os principais países de origem de ervas e especiarias importados para o Brasil são apresentados na Figura 2.
As análises para este tipo de material geralmente focam na detecção da presença de insetos, ácaros, sementes de plantas invasoras, além da presença de partículas de solo (que podem ser vetores de fungos, bactérias e nematoides), além de outras possíveis sujidades. O país de Origem assume papel de grande relevância em nossa atividade, pois as restrições fitossanitárias são estabelecidas a partir de uma Análise de Risco de Pragas - ARP, conforme a origem.
O principal desafio que enfrentamos nas análises, é a eventual presença de sementes de invasoras quarentenárias ausentes no Brasil. Como muitas vezes o material que recebemos é processado na forma de folhas picadas, há dificuldade de identificar as espécies invasoras ali presentes, devido a perda de algumas estruturas. Em algumas situações, a própria identidade da amostra não pode ser confirmada, devido à mistura de diferentes espécies na forma de chás.
Um exemplo da detecção de espécies quarentenárias ausentes no país ocorreu em 2018, ao analisarmos amostra de sementes de erva-doce/anis (Pimpinella anisum L.) originária da Turquia. Sementes de Cuscuta australis e Amaranthus graecizans, pragas quarentenárias ausentes (AQP), descritas na Instrução Normativa nº 41 de 01 de julho de 2008, publicada no D.O.U em 02 de julho de 2008 e atualizações, foram interceptadas associadas a estas sementes importadas. As espécies de plantas invasoras identificadas nesta amostra são apresentadas na Figura 3.
Das 50 amostras de ervas e /ou especiarias recebidas e analisadas no Laboratório Agronômica nos anos de 2020, 2021 e 2022, apenas 10 foram positivas para a presença de sementes invasoras (Figura 4). Até o momento, a maior diversidade de espécies de sementes de invasoras foi observada em amostras de cominho, provenientes da Índia (18 espécies concomitantes, sendo duas destas pragas quarentenárias ausentes no Brasil: Asphodelus tenuifolius e Heliotropium europaeum) e de erva doce, proveniente do Egito (cinco espécies).
As espécies de sementes de invasoras mais frequente nas análises foram Brassica rapa e Chenopodium album, ambas com três detecções cada. As espécies Amaranthus sp., Anagallis arvensis, Asphodelus tenuifolius (AQP), Convolvulus arvensis, Echinochloa crus-galli, Euphorbia sp., Heliotropium europaeum (AQP), Lepidium sativum, Melilotus sp., Pennisetum glaucum, Phyllanthus tenellus e Plantago ovata foram identificadas em duas amostras cada. As demais espécies foram observadas apenas uma vez (Figura 5).
Junto às empresas importadoras deste tipo de material, identificamos outras oportunidades de negócios para o Agronômica e a COTECNA, como a realização de análises de qualidade de sementes, tanto de parâmetros fisiológicos quanto de sanidade, já que muitos destes materiais entram no Brasil na forma de sementes. A garantia de uma boa germinação nestas espécies pode auxiliar a impulsionar as importações de ervas e/ou temperos para o país, o que é desejável para a empresa importadora, mas também, para quem vende estas sementes.