Figura 1. Mesossoma convexo de Camponotu rufipes
Figura 2. Sarassará-de-pernas-ruivas em vista lateral.
Figura 3. Antena geniculada com 12 segmentos de Camponotu rufipes
Figura 4. Ápice do gáster com acidóporo semicircular
Figura 5. Base das antenas de Camponotus rufipes distante da margem do clípeo.
Figura 6. Formiga Camponotus rufipes junto a uma planta suculenta. Canela, RS, dez 2020.
Figura 7. Formiga Camponotus rufipes, Canela, RS, dez 2020.
Figura 8. Formiga Camponotus rufipes, Canela, RS, dez 2020.
Figura 9. Formigas Camponotus rufipes, Canela, RS, dez 2020.
Figura 10. Formiga Camponotus rufipes, Canela, RS, dez 2020.
Figura 11. Formiga Camponotus rufipes, Canela, RS, dez 2020.
Formigas observadas em pátio de residência (29°22'13.1"S 50°49'14.0"W) em Canela, RS, foram determinadas como Camponotus (Myrmothrix) rufipes (Fabricius, 1775) (Hymenoptera: Formicidae), pelo Biól. M.Sc. Vínícius Alves Ferreira, entomologista do Agronômica.
A formiga sarassará-de-pernas-ruivas (C. rufipes) é de coloração castanha-escura, com pernas ruivas-amareladas e corpo provido de finos pêlos ruivos. As operárias de tal espécie medem cerca de 6 mm de comprimento. De hábitos noturnos, atacam colmeias e constroem ninhos no chão em forma (cônica) de um monte de grama seca, com cerca de 20-30 cm de diâmetro.
Estima-se que existam por volta de 18.000 espécies de formigas sendo que somente de 20 a 30 são consideradas pragas. As demais são extremamente benéficas. As espécies consideradas pragas são as formigas cortadeiras (saúvas e quenquéns) representadas por espécies dos gêneros Atta e Acromyrmex e as formigas domésticas. Dentre estas últimas, a formiga carpinteira ou sará-sará (Camponotus spp.) está entre as mais importantes (Bueno & Campos-Farinha, 1998).
Pesquisa num cafezal plantado com Coffea canephora var. Conillon, no Extremo Sul da Bahia, registrou a presença de C. rufipes entre as formigas com potencial de controle biológico natural de pragas desta cultura (Pereira et al., 2014).
Camponotus rufipes, associada a Myrcia obovata (Myrtaceae), estabelece uma interação trofobiótica com cigarrinhas (Callonophora pugionata (Hemiptera)). Como forrageadoras, as formigas cortam e recortam fragmentos de folhas com honeydew despejado ao acaso na folhagem pelas cigarrinhas, insetos sugadores (Souza, 2010).
Esta formiga é hospedeira do fungo parasita Ophiocordyceps camponoti-rufipedis. Existe um fenômeno que é chamado imunidade social é um mecanismo de defesa utilizado por insetos como abelhas, cupins e formigas. Eles desenvolvem ações coletivas para prevenir e controlar a propagação de doenças. Diante disso, o parasita precisa encontrar estratégias para driblar essa "imunidade". O fungo O. camponoti-rufipedis manipula as formigas que ele infecta para morrer perto de suas colônias, onde outras formigas têm que passar para sair à procura de comida. Isso garante ao parasita sucesso reprodutivo e um fluxo constante de novos hospedeiros. Com a transmissão ocorrendo fora do ninho, o parasita evita diferentes níveis de respostas imuno-sociais. O sistema de defesa é muito eficiente quando as formigas estão dentro do ninho, o mesmo não acontece fora dele (Nascimento, 2014).
Formiga Zumbi. Os fungos entomopatogênicos se especializaram em parasitar insetos. No grupo dos fungos Ophiocordyceps, são conhecidas cerca de 160 espécies que podem parasitar diferentes grupos de insetos como besouros, moscas, borboletas, abelhas, formigas e outros. No caso específico desse grupo de fungos, logo após a penetração no corpo da formiga, esta passa a ter o seu comportamento alterado e dirigido pelo fungo, tornando-se uma verdadeira zumbi (Araujo et al. 2015). O problema para o formigueiro é que este indivíduo zumbi, ao invés de ir para longe da colônia, perde o institinto e volta para o ninho e acaba expondo toda a população de formigas à infecção pelo fungo.
Referências
Araújo, J. P. M., Evans, H. C., Geiser, D. M., Mackay, W. P., & Hughes, D. P. (2015). Unravelling the diversity behind the Ophiocordyceps unilateralis (Ophiocordycipitaceae) complex: Three new species of zombie-ant fungi from the Brazilian Amazon. Phytotaxa, 220(3), 224-238.
Baccaro, Fabricio Beggiato. Chave para as principais subfamílias e gêneros de formigas (Hymenoptera: Formicidae). Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia–INPA, Programa de pesquisa em Biodiversidade–PPBIO, Faculdades Cathedral. Manaus, 2006.
Bueno, O. C.; Campos-Farinha, A. E. de C. 1998. Formigas urbanas: comportamento das espécies que invadem as cidades brasileiras. Vetores Pragas. 1:13–16.
EOL. Ophiocordyceps unilateralis. Disponível em: <http://www.eol.org/pages/6471318/details>. Acesso em: 03 dez.2020.
Forel, A., 1905, Miscellanea myrmicologiques, II (1905)., Annales de la Societe Entomologique de Belgique 49, pp. 155-185.
Forel, A., 1911, Ameisen des Herrn Prof. v. Ihering aus Brasilien (Sao Paulo usw.) nebst einigen anderen aus Südamerika und Afrika (Hym.)., Deutsche Entomologische Zeitschrift 1911, pp. 285-312.
Mayr, G., 1862, Myrmecologische Studien., Verhandlungen der Zoologisch-Botanischen Gesellschaft in Wien 12, pp. 649-776.
Michaellis. Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Sarassará. Available at: http://michaelis.uol.com.br/busca?id=qOXkw [Accessed December 3, 2020].
Nascimento, E. Pesquisa sobre fungo que manipula comportamento de formigas repercute na mídia internacional. 3 set.2014. Disponível em: <http://www.pos.entomologia.ufv.br/pesquisa-sobre-fungo-que-manipula-comportamento-de-formigas-repercute-na-midia-internacional/>. Acesso em: 03 dez.2020.
Pereira, P. F.; de Azevedo, C. D. R.; da Conceição, E. S.; Neto, A. de O. C.; Delabie, J. H. C. ASSEMBLEIA DE FORMIGAS DE CAFEZAL DO EXTREMO SUL DA BAHIA E POTENCIAL PARA CONTROLE BIOLÓGICO. Agrotrópica 26(1): 73 - 78. 2014. Available at: http://snida.agricultura.gov.br/binagri/bases/agb/Agb_Docs_Fonte/BR2014003721.pdf.
Ronque, Mariane UV; FOURCASSIÉ, Vincent; OLIVEIRA, Paulo S. Ecology and field biology of two dominant Camponotus ants (Hymenoptera: Formicidae) in the Brazilian savannah. Journal of natural history, v. 52, n. 3-4, p. 237-252, 2018.
Souza, R. F. de. Implicações do mutualismo trofobiótico com hemípteros na atividade de forrageio de formigas arborícolas em um ecossistema arbóreo montano. 2010. 102 f. Dissertação (Mestrado em Ecologia de Biomas Tropicais) - Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2010. Disponível em: https://repositorio.ufop.br/handle/123456789/2135. Acesso em: 03 dez.2020.
Wild, A. L., 2007, A catalogue of the ants of Paraguay (Hymenoptera: Formicidae), Zootaxa 1622, pp. 1-55
Wikipedia contributors. Sarassará-de-pernas-ruivas. Wikipedia, The Free Encyclopedia. Available at: https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Sarassar%C3%A1-de-pernas-ruivas&oldid=57578337 [Accessed December 3, 2020].
*******
How to cite: Ferreira, V. A.; Duarte, V. Camponotus (Myrmothrix) rufipes em Canela, RS. Agriporticus. Disponível em: <http://www.agronomicabr.com.br/agriporticus/detalhe.aspx?id=928>. Acesso em: 03 dez.2020.