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Amoreira (Morus nigra) no ano internacional da saúde de plantas!


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As folhas de Amora-preta (Morus nigra L.) são serrilhadas, com coloração verde escura na face abaxial e verde claro na face adaxial, flexível e membranácea. Setembro, 2020, Argentina.











Os frutos de Amora-preta (Morus nigra L.) são pretos ou avermelhados brilhantes.



Entre São Borja (Brasil) e Santo Tomé (Argentina), cruzando o Rio Uruguai, portanto, na Argentina, se encontra a MERCOVIA - Centro Unificado de Frontera Santo Tome - São Borja, onde fica localizada a Filial São Borja do Agronômica, tendo nas proximidades esta amoreira (Morus nigra L.) carregada de frutos. 

No Ano Internacional da Saúde de Plantas, cabe valorizá-las pela sombra, frutos, efeitos medicinais, oxigênio e tudo o mais. Toda a vida no planeta Terra depende delas.

O nome Morus deriva do grego moréa, que vem do céltico mor, que significa preto, aludindo à cor do fruto; o epíteto específico nigra vem do latim, que significa preto, no qual, se refere à cor das amoras-pretas dessa espécie. Também conhecida como mora negra (esp.) moral, amora preta (cast.);  morer de mores (cat.); marguza, martusera, martuts, marugatze beltza (Eusk.); moreira negra, amoreira negra (Gal.); amoreira-preta, amora-da-horta (Port) (ARBOLAPP CANÁRIAS (CSIC / FECYT); Black mulberry (Ing.); hei sang, yao-sang, shanxiguosang, luoyu hao. (TROPICOS, 2020; SONG, 2009) 

SINONÍMIA: Morus atrata Raf.; Morus cretica Raf.; Morus laciniata Raf.; Morus petiolaris Rad.

O gênero Morus (Moraceae) possui cerca de 24 espécies e uma subespécie, com pelo menos 100 variedades conhecidas. Está presente em regiões temperadas e subtropicais (ERCISLI & ORHAN, 2007).  Algumas espécies de Morus são amplamente cultivadas em muitos países, como China e Japão, onde suas folhas servem como alimento para o bicho-da-seda (Bombyx mori L.) (NOMURA, 1988). 

Morus nigra (Moraceae) é originária da Ásia, tendo seu maior desenvolvimento na Ásia Menor e estando plenamente aclimatizada no Brasil (CRUZ, 1979). A planta foi trazida para o Brasil por imigrantes japoneses, adaptando-se bem às condições de clima e solo (OLIVEIRA et.al, 2013). Apresenta alta capacidade de adaptação a diferentes climas e altitudes, M. nigra, portanto, pode ser considerada uma espécie cosmopolita (YIGIT et al., 2010). Essa espécie também tem sido muito difundida na China, Paquistão, Irã e Afeganistão (MALIK MNH et al., 2012). Entretanto, em países europeus, como Turquia e Grécia, as amoreiras são cultivadas para a produção de frutos em vez de produção de folhagem. O cultivo dessa planta na Turquia é conhecido há mais de 400 anos (ERCISLI & ORHAN, 2007). 

 No Brasil, a espécie Morus nigra L. é conhecida popularmente como: amora, amoreira, amoreira preta, amoreira negra e sarça mora (SOUZA, 2000).  Na região do Vale do São Francisco - Brasil, essa espécie é conhecida popularmente como “amora-miúra”, e o chá das folhas (decocto) são utilizadas para o tratamento de diabetes, colesterol, problemas cardiovasculares, obesidade e gota (OLIVEIRA et.al, 2013). 

Também tem sido usada como analgésico, diurético, antitussígeno, sedativo, ansiolítico e hipotensor, e no tratamento de doenças inflamatórias (NOMURA & HANO,1994).

MORFOLOGIA

A árvore pode atingir de 5 a 20m de altura. As folhas apresentaram o limbo simples, com coloração verde escuro na face ventral e coloração verde claro na face dorsal, flexível e membranácea. Em média, as folhas atingem 16,0 x 8,0 cm. A margem é serrilhada, apresentando base arredondada e ápice acuminado.  Os frutos são pretos ou avermelhados brilhante, de sabor agridoce, suculento e refrescantes (MORGAN, 1982). 

MEDICINA

As partes vegetais de maior interesse farmacológico são as folhas e os frutos. Os extratos dos frutos de Morus nigra têm uma ação protetora contra o dano peroxidativo de biomembranas e biomoléculas. NADERI et al. (2004).

FOLHAS

Na medicina popular as folhas da amoreira-preta têm sido indicadas para mulheres durante a menopausa (FRANZOTTI et al., 2004). Há informações do uso da planta para substituir a terapêutica da reposição hormonal convencional (PADILHA et al., 2010).

As folhas são usadas em gargarejos, para combater aftas e amigdalite, febre e à dor de dente (SILVA, 2007; MIRANDA. 2010), também, utilizadas no tratamento de febre, dor de cabeça, beribéri, vômitos e dor estomacal causada pelo agente da cólera (JIANG, 1977), ajuda na purificação do sangue, reduz a febre e é diurética. Seus extratos são conhecidos por terem atividade antibacteriana e fungicida (MAZIMBA, 2011).

FRUTOS

Os frutos são utilizados para doenças hepáticas e renais JIANG, 1977). Podem ser consumidas em forma in natura, em forma de marmeladas, sucos e licores. Também, servem na produção de corantes naturais e na indústria de cosméticos (ERCISLI & ORHAN, 2007).

RAMOS

Os ramos jovens da árvore são usados para o tratamento de hipertensão e paralisia de braços e pernas (JIANG, 1977).

CASCA

A decocção da casca da raiz tem efeito purgativo e vermífugo (SILVA, 2007; MIRANDA, 2010).

RAÍZES

 As raízes são utilizadas no tratamento de hipertensão arterial, reumatismo, problemas oculares e espasmos infantis. (JIANG, 1977).

OUTROS PAÍSES:

Na medicina chinesa a planta é usada para o tratamento de artrite, diabetes e reumatismo (IGBAL et al., 2012), também como anti-hipertensiva, antienvelhecimento e anti-inflamatória (HU X et al., 2011). Na Europa, as folhas dessa espécie têm sido usadas para estimular a produção de insulina no tratamento do diabetes. O efeito hipoglicemiante das folhas é similar à atividade antidiabética da glibenclamida em pacientes com diabetes mellitus tipo 2 (VOLPATO, 2011); no tratamento de inflamação, coagulante do sangue, dor de dente, e como antídoto para picadas de cobra NADERI et al. (2004). Na Turquia os frutos são usados para tratar febre, como hepatoprotetor, diurético e para baixar a pressão sanguínea. Mais de 400 anos a planta é conhecida na Turquia (ERCISLI et al., 2010).

OUTRAS INFORMAÇÕES:

Como não existem estudos sobre a segurança reprodutiva em humanos, o uso de Morus nigra não é recomendado em mulheres grávidas ou em período de lactação, ou ainda em crianças e idosos sem supervisão médica (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015).

Mancha foliar causada pelo fungo Cylindrosporium mori (Lév.) Berl. 1896 é uma doença comum nesta e outras espécies (Agriporticus).

Referências

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How to cite: Marchetti, M. M. Amoreira (Morus nigra) no ano internacional da saúde de plantas!. Agriporticus. Disponível em: <http://www.agronomicabr.com.br/agriporticus/detalhe.aspx?id=921>. Acesso em: 01 out.2020. (Atualize a data de acesso.)