Figura 1. Oósporos e esporângio de Phytophthora palmivora nas iscas de folhas de citros,
Raízes de orquídeas (Dendrobium híbrido) assintomáticas, importadas da Tailândia, foram submetidas a técnica de iscas de folhas de citros. O material foi incubado em câmara de crescimento a 25 °C, fotoperíodo 12h/12h por sete dias. Posteriormente, visualizou-se sob microscópio óptico, possível estruturas de Phytophthora sp.: esporângios e oósporos nas bordas das folhas de citros. Para identificação da espécie, as folhas de citros foram plaqueadas em meio de cultura seletivo para Phytophthora sp., sendo a base do meio suco V8 suplementado com cloranfenicol, piramicina, ampicilina e rifamicina (PAR+C). Entretanto, as raízes de orquídeas também apresentavam Fusarium sp. No intuito de separar o fungo e o oomiceto, optou-se por utilizar o meio de BDA suplementado com Triton-X (BDA+T); este meio proporciona redução do crescimento de fungos e o BDA altera a morfologia da colônia de Phytophthora sp. e também faz com que ela cresça lentamente. Desta forma, foi possível separar os dois patógenos e purificar a Phytopthora que novamente foi transferida para o meio PAR+C para a observação das estruturas reprodutivas e características do gênero Phytophthora sp. (esporângios). Após esta purificação, foi possível observar estruturas características de Phytophthora sp. tais como: esporângios papilados, clamidósporos intercalares, terminais e hifas cenocíticas (sem septo), importantes para diferenciar fungos (com septo) e oomicetos.
Então, surgiu o questionamento: qual a espécie de Phytophthora sp.? Há uma dificuldade entre os pesquisadores para identificação ao nível de espécie baseado apenas na morfologia das estruturas. E, na literatura, existem o registro de duas espécies que causam podridão negra em orquídeas: P. palmivora e P. cactorum, ambas com ocorrência no Brasil. Para diferenciar as duas espécies foi necessário o sequenciamento da região ITS (internal transcribed spacer) e do gene mitocondrial (cytochrome oxidase subunit I) (COX1). Estas regiões gênicas são descritas na literatura como fundamentais para identificação de espécies de oomicetos e também foram recomendadas, por troca de e-mails, pelo pesquisador Ph.D. Martin Chilvers da Michigan State University, EUA, especialista na biologia de fungos, oomicetos e diagnóstico molecular. O resultado do sequenciamento indicou que a Phytophthora sp. obtida no Laboratório Agronômica apresentou 100% de similaridade com Phytophthora palmivora nos dois bancos de dados: Phytophthora database ID e National Center for Biotechnology Information (NCBI, Genbank).
Apesar de Phytophthora palmivora não ser praga quarentenária, trata-se de uma praga importante para a agricultura em mais de uma cultura.
Referências
Cating, R. A., Palmateer, A. J., Stiles, C. M., and Rayside, P. A. 2010. Black rot of orchids caused by
Phytophthora cactorum and
Phytophthora palmivora in Florida. Online. Plant Health Progress. Phytophthora database-ID. Disponível em:
http://www.phytophthoradb.org/diagnostics.php. Acesso em: 23 ago.2019.
Robideau, G. P., De Cock, A. W. A. M., Coffey, M. D., Voglmayr, H., Brouwer, H., Bala, K., André Lévesque, C. (2011). DNA barcoding of oomycetes with cytochrome c oxidase subunit I and internal transcribed spacer. Molecular Ecology Resources, 11(6), 1002–1011.
White, T. J., Bruns, T., Lee, S., and Taylor, J. 1990. Amplification and direct sequencingof fungal ribosomal RNA genes for phylogenetics. Pages 315-322 in: PCR protocols: aguide to methods and applications, M. A. Innis, D. H. Gelfand, J. J. Sninsky and T. J. White, eds. Academic Press, San Diego.
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How to cite: Andrade, C. C. L.; Dalbosco, M.; Gomes, L. B. Detecção e determinação de Phytophthora palmivora em orquídeas importadas. Agriporticus. Disponível em: http://www.agronomicabr.com.br/agriporticus/detalhe.aspx?id=884. Acesso em: 30 jan.2020.